terça-feira, 11 de outubro de 2011

UMBANDA E POLITICA

Em varias épocas a religião se confundiu com o poder, quase como se fossem um só, e por conta disto, aproveitadores se dizendo religiosos tiraram muito proveito do povo... Coisa que continua acontecendo até hoje, de forma diferente, mas continua.
Pessoas inescrupulosas usam fiéis de determinadas religiões como massa de manobra, alimentando inclusive o temor que muitos têm de uma “ida para o inferno” quando de seu desencarne, para conseguir seus objetivos.
Estes objetivos que, num primeiro momento se resumiam a uma “ganância monetária”, rapidamente se transformou numa ânsia pelo poder (é claro que sabemos que a questão monetária continua implícita).Esta ânsia pelo poder faz com que este antes “religiosos” para se manterem no tal poder, passem a procurar e oferecer “benesses” ao seu povo santo, nem que para isto precise “pisar” em outros segmentos.
Os umbandistas, os verdadeiros, os que praticam a caridade, sem esperar nada em troca, geralmente são avessos a esta mistura RELIGIÃO X POLITICA, e por conta disto muitas vezes taxados como um povo não politizado.
Ocorre que talvez seja ao contrario, pois tenho visto algumas campanhas por ai tipo “QUEM É DO AXÉ VOTA EM QUEM É DO AXÉ”, mas agora eu pergunto, devemos votar num candidato apenas por ele ser umbandista???? Não seria isto uma clara demonstração de falta de cultura política??
Penso que devemos sim votar num candidato que seja compromissado com a verdade, honesto, digno de receber nosso voto, e que se for umbandista melhor ainda.
Se dizer umbandista, evangélico, católico, etc., não e certificado de honestidade para ninguém.
Por ser o Brasil um estado Laico, é muito correto que tenhamos em nosso Legislativo representantes de todos os segmentos, inclusive umbandistas, mas volto a dizer, pessoas serias e comprometidas com ideais honestos, não aproveitadores, que num discurso inflamado se colocam como os “salvadores” os “defensores” do povo de santo.
Tenho muita vontade de apoiar um candidato que seja umbandista, e nesta eleição se tudo correr bem eu farei isto, mas sempre observando quem é o candidato, seu histórico, não só como umbandista, mas como cidadão.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

RESPEITO

Nós Umbandistas como todos os seres humanos, estamos passiveis a erros e acertos, somos passionais em alguns casos e racionais em outros, mas não podemos nos furtar de uma coisa, temos a obrigação de nos respeitarmos.


Nossa comunidade que se diz tão discriminada por outros segmentos, sofre muito mais com o desrespeito entre seus membros.

De que adianta criarmos movimentos para cobrar dos outros uma coisas que não temos em nosso meio, o respeito.

O pensar é livre e o entendimento também, a Umbanda por sua diversidade nos permite varias formas e maneiras de entendê-la, é a única religião que nos permite adequar a sua pratica ao nosso gosto, nos da à chance de exercitarmos nosso bom senso e nosso livre arbítrio, nos permite encontrarmos sempre um local com o qual tenhamos afinidade com a forma que a Umbanda é praticada ali.

Não importa a raiz que seguimos, ou qual a denominação, o que importa é que a essência da Umbanda esteja presente.

Não temos condições de afirmar o que é certo ou errado, uma coisa que parece absurdo para um, pode ter muito fundamento para outro.

Tenho dito muito isto e vou repetir aqui:

A Umbanda vai crescer muito quando os Umbandistas deixarem de se tratar como concorrentes comerciais e passarem a se entender como Irmãos da mesma Fé.

OICD, FTU, Primado de Umbanda, Colégio de Umbanda, etc. São caminhos, mas não são os únicos.

Esotérica, Branca, Omolôko, etc. São formas de culto, mas não são as únicas.

Temos de começar a respeitar e aprender com aqueles que pensam e entendem a Umbanda de forma diferente de nós.

Não somos mestres, somos aprendizes e o seremos por muito tempo, embora alguns desejem e pensem o contrário...

Marco Boeing – ASSEMA/Curitiba

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Liberdade Religiosa

Sou diferente por que “recebo”, um Preto velho e não o “Espírito Santo”?


Sou menos evoluído por que louvo a “Oxalá” e não a “Jesus Cristo”??

Não, sou apenas um Umbandista, que tem o direito a expressar sua fé de acordo com sua crenças.

Não foi o próprio Jesus quem disse: “muitos são os caminhos que levam ao pai” ?

Então, deixem que eu siga o caminho que escolhi.

Liberdade Religiosa não é um beneficio concedido a alguns, e um direito de todos.

Marco Boeing

Dirigente da ASSEMA/Curitiba

segunda-feira, 9 de maio de 2011

POR QUE A SIMPLICIDADE NÃO SATISFAZ

Depois de alguns anos militando na umbanda, comecei a desenvolver um senso critico no diz respeito a minha religião.

Passei a observar as mudanças, as evoluções, os retrocessos, o comportamento, enfim tudo que se refere ao dia a dia da Umbanda.

Uma coisa tem me incomodado muito; a falta de simplicidade que tenho observado nos terreiros. Quando iniciei na Umbanda, pés no chão, uma roupa branca, algumas velas brancas no altar e pronto, o terreiro estava pronto para funcionar, as entidades sempre presentes, os consulentes atendidos, os médiuns felizes por estar ali, enfim uma atmosfera propicia para pratica do bem.

Não existiam cursos como, por exemplo, formação de “sacerdotes” em dois anos, nosso aprendizado era dentro do terreiro, ouvindo o dirigente, as entidades, os mais experientes.

Muitos vão dizer que a evolução é importante e faz parte da vida, concordo, mas penso que deva ser uma evolução inteligente, coerente.

Infelizmente tenho visto muitos que inventam rituais, fundamentos praticas, muitas beirando o absurdo, outros vão buscar em outras religiões, praticas que nada tem haver com a Umbanda, em nome de uma pretensa evolução.

Vejo a subserviência, a idolatria à pessoa do “pai de santo” muito grande, vejo que em muitos casos a espiritualidade fica em segundo plano, hoje Orixá virou sobrenome e até propriedade pessoal, terreiros viraram desfiles de moda ou concursos de fantasias.

Aprendi que quando se vai a outro terreiro devemos saber entrar e sair, minha Mão de Santo, nos ensinou que quando visitamos outra casa, salvo se somos convidados pelo chefe do terreiro, somos assistência, e nosso lugar é “na fila do passe” como ela dizia. O que ocorre hoje é bem diferente, “pais de santo” que se acham no direito de exigir que se dobrem atabaques para ele, que se prestem reverencias, e muitas vezes ainda saem reparando, criticando ou caçoando do trabalho, e por que tudo isto? Justamente pelo fato de que a espiritualidade para eles é apenas um detalhe.

Não sei onde isto vai acabar, espero que acabe antes que a Umbanda acabe...

Amigos longe de mim querer generalizar ou ser o dono da verdade, como disse no inicio, sou apenas um observador do comportamento umbandista.

Ainda bem que temos terreiro que ainda mantêm a essência da umbanda, onde a palavra de um Preto Velho ou de um Caboclo e ouvida e seguida. Onde o dirigente senta com seus filhos, ouve, explica, não tem vergonha de dizer “não sei, mas vou tentar aprender”.

Este texto nada mais é que um desabafo de um saudosista, que pisou muito em terreiro de chão batido, que limpou muito cinzeiro, que já caiu varias vezes de “bunda” no chão durante o desenvolvimento, que já levou muito “pito” de entidades, que teimou muitas vezes, mas que aprendeu a amar com todas as forças a Umbanda, e que depois de todo este tempo vivenciando a Umbanda tem uma pergunta aos Umbandistas:

POR QUE A SIMPLICIDADE NÃO SATISFAZ ???

sexta-feira, 6 de maio de 2011

UNIÃO ESTÁVEL...

O Superior Tribunal Federal, aprovou por unanimidade a legitimidade da “união estável Homoafetiva”, nada mais justo, pois quem achava correto por exemplo uma pessoa ser discriminada pela família , mal tratado, apenas por ter uma opção sexual diferente do que se considera “normal”.

Ai esta pessoa era obrigada a se afastar desta família, estuda, trabalha, encontra alguém e divide sua vida com esta pessoa, apoiado por esta pessoa, melhora sua vida, adquiri bens, e ai por força do seu destino desencarna. Pronto era a deixa pra aquela mesma família que o discriminou vir correndo tomar posse de tudo o que ele tinha conquistado em conjunto com seu companheiro, quase como uma compensação pela “vergonha” que ele os havia feito passar.

Pois bem o STF acabou em definitivo com esta farra....

Nosso conceito de casamento esta baseado na Bíblia, como se tudo que lá estivesse escrito fosse a verdade absoluta, pois segundo alguns foi “escrita por Deus”, eu não concordo (mas isto e uma outra discussão).

Ocorre que esquecemos que a formação familiar, e muito anterior a biblia que tem apenas 2.000 anos, e o conceito de família, de grupos familiares existe desde a idade da pedra.

Quem somos nós para determinarmos quem pode viver com quem?

A questão da discriminação, do preconceito esta ainda muito arraigada em nossa sociedade, onde as minorias, tem de recorrer a justiça para obter um direito que já é dado as “maiorias”.

Os religiosos muitas vezes não seguem os ensinamentos de amor e fraternidade de suas religiões, pois “amamos a todos desde que eles sigam o que nós determinamos como correto”.

As demonstrações de raiva, ódio, quase que incontroláveis de alguns ditos religiosos em relação a este assunto, me leva a entender por que, quase que 75% dos conflitos armados (guerras) que se travam no planeta são causados por questões religiosas.

E nós umbandistas como ficamos neste caso?

Tenho uma opinião:

Temos de apoiar incondicionalmente qualquer ação que vise acabar com o preconceito e que venha conceder direito a qualquer pessoa ou grupo, seria até uma incoerência, uma falta de bom senso se fizéssemos ao contrario, pois lutamos dia a dia em nossos terreiros contra o preconceito e a discriminação.

Lembrem-se a “Umbanda” e uma religião que acolhe a todos encarnados ou desencarnados, sem nenhum tipo de preconceito, os “Umbandistas” deveriam ser assim também, mas.....

quinta-feira, 5 de maio de 2011

TENHO OBSERVADO

Sou uma pessoa muito curiosa, adoro visitar centros e terreiros, mas não vou lá para ser reverenciado como dirigente, na verdade na maioria das vezes passo despercebido.

Sou também um estudioso da Umbanda, sempre que ouço falar de algo que não conheço vou à procura da resposta, tento de todas as forma conseguir esta informação, e por ser um estudioso ou diria um curioso, criei o habito de observar, mas não observar no intuito de sair depois falando, e sim para conhecer, aprender sobre formas e rituais umbandistas diversos, mas tem uma coisa que tenho visto muitas vezes e tem me incomodado muito:

Por que existe tanta submissão dentro dos terreiros?

Por que entidades ditas “de Luz”, quase escravizam médiuns?

Por que muitos médiuns são humilhados e/ou ameaçados por “entidades” muitas vezes publicamente?

Eu tenho uma teoria: São os médiuns, geralmente dirigentes de casas, que fazem de suas entidades “reis ou rainhas”.

Eu pergunto: qual a necessidade de um Exu dito guardião ter três cambonos, um para segurar seu copo de Wisky (importado diga-se de passagem), outro para segurar o pano onde ele limpa a mão e a boca e outro para segurar seu cinzeiro?

Tenho certeza de uma coisa e uma duvida sobre outra:

A certeza é que isto é vaidade do médium, a duvida é se ele realmente estaria vibrado por um verdadeiro Guardião ou por um Kiumba zombeteiro?

Vi muitas vezes , preto velhos entidades que representam a Humildade e a sabedoria da Umbanda, exigindo desde a marca do fumo para seu cachimbo até o tipo de vinho e sua procedência .

Quero fazer um alerta (quem sou eu para ter esta pretensão, mas mesmo assim vou adiante) para médiuns e dirigentes.

Aos médiuns:

Tomem cuidados com a vaidade e a soberba, sempre que tiver a “intuição” ou que alguma entidade “pedir” algo de material, pense, reflita se isto não é coisa sua, se não é você que quer isto. Cuide para que todas as “entidades” que trabalham com você sejam educadas e respeitem a todos, pois nenhuma entidade deve vir a um terreiro demonstrando arrogância e desrespeito, se isto acontece algo esta errado. Outra coisa não existe entidade mais ou menos “forte” que a outra, existe sim entidades com mais experiência, e médiuns mais firmes, formas diferentes de atuação mesmo em entidades de uma mesma falange.

Aos Dirigentes:

Lembrem que são vocês os responsáveis por tudo que ocorre numa casa, fiquem atentos a “seus filhos” de corrente para ajudá-los a corrigir certos deslizes, tratem a todos com igualdade, num terreiro não pode haver tratamento diferenciado entre os médiuns.

E o mais importante, vocês são exemplos dentro de suas casas, então procurem ser exemplos positivos, e não pratiquem o ditado do “faça o que eu digo, não faça o que eu faço", ao contrario dêem o bom exemplo para que todos façam o que você faz...

Marco Boeing – ASSEMA/ Curitiba

terça-feira, 3 de maio de 2011

UMBANDA A CAMINHO DA MATURIDADE...

Ao fazer uma reflexão sobre a Umbanda quando acabamos de completar 102 anos, cheguei a algumas conclusões, umas boas outras nem tanto:


As boas:

• Os médiuns de Umbanda hoje estão bem informados, e buscam sempre por informações novas, e a internet veio nos ajudar nisto

• A juventude literalmente “invadiu” nossos terreiros

• Muitos dirigentes estão conseguindo entender a diferença entre fundamento e tradição e com isto “enxugando” seus rituais

• Movimentos sérios, idealizados por pessoas serias estão surgindo e os umbandistas estão perdendo a vergonha de assumir sua religião

• Nossos terreiros têm conseguido ajudar a muita gente a encontrar seu caminho

O outro lado:

• Continuam as disputas absurdas entre as ditas “grandes escolas” e seus “mestres” por espaço, por quererem se tornar “donos da umbanda”, disputas estas que muitas vezes beiram a baixaria

• A quantidade absurda de cursos oferecidos sobre umbanda, onde sempre me pergunto se todos os “professores” que ministram estes cursos realmente têm condições de fazê-lo, principalmente quando falamos de cursos como “formação de sacerdotes”, coisa que sempre soube que se aprende dentro do terreiro.

• A criação de movimentos com interesses particulares, que utilizam umbandistas incautos como massa de manobra

• A fraca ou inexistente atuação da maioria das federações, que nada ou quase nada oferecem aos umbandistas, preocupando-se apenas com a cobrança das mensalidades

• Os umbandistas que insistem em trazer para dentro de nossos terreiros rituais e elementos que não fazem parte da Umbanda, apenas para “serem diferentes”, ou ainda muitas vezes querendo nos ligar ao Candomblé, como se fossemos parte dele.


Depois de pensar muito sobre isto, cheguei a uma conclusão:

Será que é muito difícil irmos tentando acertar estes pontos negativos, aparar as arestas e assim trabalharmos em conjunto para que nossa religião cresça e seja cada vez mais respeitada????

Para muitos que vão ler esta mensagem isto é quase impossível.....infelizmente.



Marco Boeing – ASSEMA/Curitiba