quarta-feira, 27 de abril de 2011

UM ZÉ....

Zé Pelintra, quem seria esta entidade???

Um Malandro?

Um Exu?

Um Mestre da Jurema?

Um Baiano?


Vamos encontrar varias versões e todas elas de certa forma corretas, digo isto por que entendo que esta entidade circula entre linhas, podendo atuar onde a casa determine ou necessite.

Ao contrario do que muitos pensam e pregam, não encarna e figura do “malandro carioca”, na verdade esta entidade trás em sua forma de atuação a essência do povo brasileiro, trabalhador, sofrido, com uma fé muito grande e sempre alegre.

É uma falange de entidades que conhece os atalhos dentro da espiritualidade, mandingueiro por natureza, não necessita de muita coisa para realizar seus trabalhos, muitas vezes resolvendo tudo no “papo”.

Extremamente sincero, e muito amigo de seus amigos, exigente com seus “aparelhos”, mas esta exigência não se reflete em questões materiais (roupas, bebidas, etc), é exigente no que diz respeito a responsabilidade do médium para com seu trabalho.

Infelizmente muitos “umbandistas”, criaram e costumam alimentar mitos e idéias erradas a respeito desta entidade, utilizando seu nome e sua figura para cobrar trabalhos, colocar medo em incautos, etc.

Gostaria muito de ver algumas destas pessoas na hora do “acerto de contas”, frente a frente com seu Zé, confesso que seria muito divertido.

Enfim é assim que eu vejo seu “Zé Pelintra”, nem melhor nem pior que ninguém, apenas um espírito em busca de evolução, assim como vários outros “Zes”, “Antonios”, “Joãos”, etc.

SEGREDOS DA UMBANDA

Tenho ouvido falar muito em “segredos de Umbanda”, segundo alguns dirigentes, estes segredos não podem ser revelados, alguns inclusive se irritam quando são questionados sobre determinados assuntos, e quando não se recusam a responder, simplesmente o fazem de maneira vaga, com a famosa frase “..É assim mesmo...” Tenho uma opinião sobre isto, acredito que dirigentes que criam segredos para a Umbanda o fazem por dois motivos: Ou o fazem por não querer dividir seu saber com os outros, achando que assim vai conseguir manter sua superioridade, como “detentor dos segredos da Umbanda” , conseguindo assim manter seu pretenso poder sobre um grupo. Ou o fazem por também não saberem as respostas, e não tem a humildade de reconhecer isto, como também não tem o interesse de as procurarem, achando que a obrigação disto é das entidades, ou que o estudo em nada vai contribuir para seu “desenvolvimento”. Seja qual for o motivo, os tais “segredos de Umbanda”, são ao meu ver um dos grandes motivos da debandada de médiuns dos terreiros, pois os tempos hoje são outros, e temos em nossos terreiros pessoas cada vez mais ávidas por conhecimentos, e se não oferecermos isto a eles, com certeza eles vão procura-los em outros locais. Pai Tomas, Preto Velho o qual tenho a honra de servir como aparelho, usa uma frase que sintetiza tudo isto: “O verdadeiro sábio não é aquele que recolhe para si todo o conhecimento, o verdadeiro sábio é aquele que esta sempre dividindo o pouco que aprende...” Pensem nisto Amigos Dirigentes, acabem com estes “segredos”, antes que eles acabem com a Umbanda.

A UMBANDA QUE EU AMO...

A Umbanda que pratico e tento ensinar, é pura e simples, sem


conceitos cósmicos e metafísicos, sem teorias helênicas, despida de

vaidades e preconceitos.


A Umbanda que pratico e tento ensinar, não aceita que para ajudar

alguém ou dar evolução a um ser espiritual, precisemos sacrificar

outro ser, pois entendo que a Umbanda é antes de tudo uma celebração

à vida.


A Umbanda que pratico e tento ensinar, acolhe a todos da mesma forma,

seja qual for sua cor, orientação sexual, posição social e religião.


A Umbanda que pratico e tento ensinar, não quer servos ou escravos,

quer sim pessoas de boa vontade, pessoas que venham com o coração

aberto, pessoas que entendam que não devem vir para a Umbanda

pensando somente em melhorar a sua vida, mas sim pessoas que entendam

que ajudando a melhorar um pouco que seja este mundo, vão com certeza

receber sua parte nesta melhora.


A Umbanda que pratico e tento ensinar, não quer ninguém vivendo "DA

RELIGIÃO" e nem "PARA A RELIGIÃO", quer sim que vivamos "A RELIGIÃO"

em toda sua plenitude.


Na Umbanda que pratico e tento ensinar, Orixás e entidades, não nos

tratam como empregados ou meros "cavalos", eles nos tratam como

companheiros de jornada, não nos fazem exigências absurdas e

respeitam nossos limites e nosso livre arbítrio.


Na Umbanda que pratico e tento ensinar, sabemos que a caridade é

importante, mas não só a material, entendemos que a maior caridade

que podemos fazer e sermos as melhores pessoas o possível, passando

isto a quem nos procura.


A Umbanda que pratico e tento ensinar, nos incentiva a estudar e

aprender cada vez mais, pois entendo que não devem existir segredos

em uma coisa tão bela como esta religião.


A Umbanda que pratico e tento ensinar, é uma Umbanda que não assusta

ninguém, não causa medo, ao contrario traz o prazer e a alegria para

dentro do terreiro.


Na Umbanda que pratico e tento ensinar, não há lugar para a soberba,

os títulos e cargos são meras referências, sem aquela idéia de que

quem os possui é melhor que os outros.


Desculpem a extensão do texto mas senti que deveria dividir com vocês

como é a Umbanda que eu amo...

Desculpem-me também aqueles que pensam diferente, e se sentiram

ofendidos em algum momento...



Marco Boeing – ASSEMA/Curitiba

MUITOS VEM, ALGUNS FICAM OUTROS VÃO....

A Umbanda é uma religião que acolhe a todos, não faz nenhum tipo de distinção entre as pessoas que atende, e por conta disto a entrada de pessoas nas correntes é uma coisa normal e constante.

Algumas casas têm critérios para aceitação de novos membros, outras não, mas uma coisa que nunca deveria ser deixada de lado, o Livre Arbítrio das pessoas.

Sou totalmente contra o que alguns dirigentes fazem, semeando o medo em pessoas que “tem mediunidade”, ouvimos muitas e muitas vezes estes dirigentes afirmarem categoricamente que os problemas da pessoa são causados por sua mediunidade “não desenvolvida”, quase que obrigando o ser a entrar na corrente, e o mesmo ocorre quando uma pessoa demonstra o desejo de se afastar da casa, onde veladamente ela é levada a crer que sua vida vai “desandar” por culpa desta decisão. O agravante é o uso da Espiritualidade, dos Orixás e das Entidades, para se fazer estas ameaças, como se fossem eles os responsáveis pelos “castigos” que o “desistente” vai sofrer dali em diante.

Não tenho como acreditar que Entidades de Luz, Forças puras da natureza, vão de alguma forma prejudicar uma pessoa apenas por ela ter feito uso de o seu Livre Arbítrio, ao escolher não participar ou deixar de participar de uma corrente de Umbanda. Logo eles que nos ensinam sempre que o livre arbítrio é um direito que nos foi “concedido” por Deus.

Esta ultima parte do texto vai diretamente aos dirigentes e para aqueles que aspiram serem dirigentes um dia:



Será que é valido termos em nossas casas, pessoas que ali estejam apenas por medo de serem “castigados”, pelas entidades, por pensarem que sua vida vai “andar para trás” se não desenvolverem???

A Umbanda precisa sim de médiuns que à amem, e que a pratiquem por conta deste amor, só assim a sua essência será mantida.



Marco Boeing

Dirigente da ASSEMA/ Curitiba

RESPEITO

Nós Umbandistas como todos os seres humanos, estamos passiveis a erros e acertos, somos passionais em alguns casos e racionais em outros, mas não podemos nos furtar de uma coisa, temos a obrigação de nos respeitarmos.

Nossa comunidade que se diz tão discriminada por outros segmentos, sofre muito mais com o desrespeito entre seus membros.

De que adianta criarmos movimentos para cobrar dos outros uma coisas que não temos em nosso meio, o respeito.

O pensar é livre e o entendimento também, a Umbanda por sua diversidade nos permite varias formas e maneiras de entendê-la, é a única religião que nos permite adequar a sua pratica ao nosso gosto, nos da à chance de exercitarmos nosso bom senso e nosso livre arbítrio, nos permite encontrarmos sempre um local com o qual tenhamos afinidade com a forma que a Umbanda é praticada ali.

Não importa a raiz que seguimos, ou qual a denominação, o que importa é que a essência da Umbanda esteja presente.

Não temos condições de afirmar o que é certo ou errado, uma coisa que parece absurdo para um, pode ter muito fundamento para outro.

Tenho dito muito isto e vou repetir aqui:

A Umbanda vai crescer muito quando os Umbandistas deixarem de se tratar como concorrentes comerciais e passarem a se entender como Irmãos da mesma Fé.

OICD, FTU, Primado de Umbanda, Colégio de Umbanda, etc. São caminhos, mas não são os únicos.

Esotérica, Branca, Omolôko, etc. São formas de culto, mas não são as únicas.

Temos de começar a respeitar e aprender com aqueles que pensam e entendem a Umbanda de forma diferente de nós.

Não somos mestres, somos aprendizes e o seremos por muito tempo, embora alguns desejem e pensem o contrário...

Marco Boeing – ASSEMA/Curitiba